sexta-feira, 6 de maio de 2011

Tesouro Precioso: Cérebros e Almas de Jovens e Adolescentes



O assassinato do estudante Alexandre Rosa da Silva no pátio de uma escola pública, na noite de quarta-feira, no bairro Pan Americano, é mais um episódio chocante de violência sanguinária, envolvendo um estabelecimento de ensino público. Episódios desse tipo já se avolumam de tal modo pelo Brasil que correm o risco de serem absorvidos como naturais. Não deveria ser assim, pois quando o próprio ambiente escolar é invadido pela avalanche criminosa, lá de fora, é porque o solapamento das bases da sociedade pela violência já chegou a níveis de calamidade.

Um dos principais motivos do registro de episódios como esse está no uso e no tráfico de drogas. A comercialização de drogas dentro das escolas, ou em suas proximidades, é realizada, às vezes, por alunos aí matriculados. Há até quem já se inscreva com esse propósito em vista. Ou então são cooptados pelo mundo do crime. Esse é um problema real diante do qual não se pode apenas sacudir os ombros como se tratasse de uma fatalidade. Não é.

Claro, as causas mais profundas do fenômeno residem no próprio desacerto das estruturas sociais e envolvem o próprio modelo de sociedade em construção. Contudo, enquanto não se consegue uma tomada de consciência mais profunda dos cidadãos sobre essas causas e sobre a necessidade imperativa de removê-las, há uma obrigação constitucional do Estado em garantir segurança aos cidadãos e, com maior relevo ainda, para os mais vulneráveis, que são as crianças e os jovens.

Isso significa dedicar atenção especial à construção de barreiras de contenção contra os vagalhões da violência nos locais em que esse tipo de público se abriga. E a escola é o principal deles - não só por agrupar o maior número desses componentes, mas, por ser o ambiente por excelência para inculcar os elementos básicos da formação intelectual, moral e cidadã dos que estão sob sua responsabilidade. Se seu perímetro é devassado pelo crime organizado, o estrago ganha contornos estratégicos, afetando o futuro da própria sociedade.

É preciso encarar as unidades educacionais públicas com o zelo requerido dos que guardam tesouros preciosos. Neste caso, os cérebros e as almas das crianças e jovens do Brasil.

Fonte: Jornal O Povo