quinta-feira, 8 de abril de 2010
Eu, poeta?
Eu, poeta?
Eu 'tava lá sentada no galho da goiabeira
comendo as siriguelas do vizinho entre uma letra e outra
(porque fruta só é nossa se cai no chão do nosso quintal)
e então eu vi...meninos, eu vi!
de repente, toda vestidinha de azul,
a fada do dente bateu sua varinha de imbira e o mundo girou!
Uma ventania espalhou palavra pra tudo que foi lado...
nuvem juntou com algodão
e o céu ficou todo flocadinho...
parecia até carneirinho pastando naquela imensidão de azul...
um caçador agarrou-se com uma pipa
e saiu correndo pelo terreiro
atrás dos meninos carregando pipas tricolores
(pipa preto e branco é que não ia ser, não é?)
no quintal do vizinho,
um pequeno príncipe conversava com uma raposa
enquanto uma cobra subindo pelo tronco do limoeiro
me falou entre sibilos
- tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas...
eu pensei com meus botões:
que diabos tinha dentro dessa siriguela?
Foi quando chegaram uns “karas” e me falaram pra virar a página.
Eu virei.. e nem te conto...
eram quase cinco da tarde...hora de voltar pra casa,
porque afinal, amanhã, tinha aula de português de novo.
Aila Magalhães,
08 de abril, 05:07 da manhã